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Posted: 14 Sep, 2024 @ 4:30pm

Terminei minha análise de Serious Sam 2 com a pergunta: "quem mudou de verdade? Serious ou eu?" Outros dez(!) anos se passaram e a resposta agora está clara como água: quem mudou fui eu.

O segundo episódio da franquia foi criticado em sua época por um excesso de cores e inimigos bizarros, até mesmo para os padrões estabelecidos pela Croteam. Havia algo de errado também no ritmo das batalhas. A Croteam deu uma guinada de 180 graus no terceiro jogo, realizando aquilo que se chama em bom inglês de back to basics. E ficou muito bom.

Serious Sam 3: BFE, como o nome já diz, conta a história que se passa antes do primeiro encontro ("Before First Encounter"). Isso significa que nosso protagonista está tendo o primeiríssimo contato com seus inimigos alienígenas, o que funciona como a desculpa perfeita para praticamente repetir todos os inimigos clássicos, sendo apresentados um de cada vez. Existem oponentes inéditos aqui e ali, mas eles não destoam tematicamente da franquia (como os pigmeus do espaço em Serious Sam 2...) e tampouco dominam a cena.

A Croteam também aproveitou o ensejo para mergulhar no inconsciente coletivo forjado nas chamas de "Call of Battlefield" e constantes conflitos no Oriente Médio para trazer um cenário caótico de cidades árabes arrasadas. Talvez seja inapropriado no contexto atual, principalmente quando o contexto atual é eternamente atual, mas funciona no jogo. Não há tempo para traçar comparativos como mundo real, enquanto hordas alienígenas saem das ruas arrasadas para cercar seu protagonista. A Croteam foi do hiper-fantástico do jogo anterior para o hiper-realismo, gerando um contraste que eu não esperava que ficasse tão bom.

Pela primeira vez em mais de duas décadas senti o frenesi de volta de encarar quantidades inumanas de oponentes e triunfar na base da troca de armas, na corrida para buscar mais munição e cura e no constante ato de andar em círculos sem tirar o dedo do gatilho. O surto de adrenalina de Serious Sam 3 é exatamente como eu me lembrava nas loucas sessões com os primeiros jogos. Difícil, mas não frustrante. Constante, mas não enfadonho. Tenso, mas negociável.

Ouso dizer, sem medo de errar, que Serious Sam 3 foi o retorno da Croteam a sua melhor forma, depois de alguns equívocos. Porém, também lamentei constatar que o retorno deles não correspondeu necessariamente ao retorno de minha melhor forma. Não estou mais em 1999, um quarto de século se passou e reflexos não são um talento que envelhece como vinho, mas deteriora como leite. Que eu tenha chegado até o quinto capítulo (de doze) é um atestado da qualidade do jogo, mas também de minhas limitações. Foram várias sessões para chegar na batalha final do quinto capítulo, várias tentativas que apenas me levaram à certeza de ter batido em uma parede. Daqui não passo mais.

Porém, Serious Sam 4 existe. E aquele Aquino de 1999 não vai me deixar dormir em paz até saber para onde a franquia foi.

Análise publicada anteriormente em: https://blog.retinadesgastada.com.br/2024/09/nao-jogando-serious-sam-3bfe.html
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