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Um jogo absurdo de bom. Uma verdadeira obra de arte. A história aqui se torna muito mais profunda e intimista quando comparada com a dos outros games da série, numa mistura de evolução e ruptura com tudo o que define a franquia God Of War.

A cena de abertura é um simbolismo claro da intenção dos criadores: derrubar os conceitos estabelecidos para criar algo novo, diferente, tanto na forma de se contar a história quanto no protagonista em si. Aqui temos um Kratos mais velho e cansado, tanto pela idade quanto pelo peso dos acontecimentos anteriores, mas sua posição na nova trama não poderia ser mais diferente. O que antes era uma máquina de destruição, se vê agora na posição de protetor e professor de seu filho.

Essa mudança no personagem acompanha uma mudança na gameplay, que a primeiro momento parece totalmente diferente, mas mostra suas semelhanças à medida que o jogador se acostuma e domina seu sistema. Esse jogo não deixa de ser um hack'n slash em sua essência, mas é importante frisar que é um estilo bastante diferente do convencional. O único adendo que devo fazer é o sistema de parry, que tem uma janela de resposta um tanto quanto esquisita, nem sempre funcionando como deveria.

Alguns elementos ainda aparecem aqui numa forma repaginada. Os puzzles voltam em maior quantidade, porém muitos estão ligados ao "mundo aberto" do game, incentivando a exploração do mapa e fazendo uso do garoto para suas resoluções. Os baús também retornam, mas com propósitos diferentes. Não são mais os orbes vermelhos, mas experiência, dinheiro e materiais. A experiência é usada para melhorar e adquirir novas skills e dinheiro e materiais para adquirir e melhorar as armaduras (sim, armaduras) e armas, tudo em prol de elevar o nível e atributos do Kratos.

Quanto à forma de se contar essa história, o diretor aposta em duas técnicas: a primeira é a do plano-sequência, ou seja, não há cortes nas cenas. A segunda é a câmera na mão. Esses dois elementos são fundamentais para construir a imersão pretendida da obra, colocando o jogador dentro da cena, lado a lado com os personagens. Isso torna a jornada muito mais pessoal, diferente dos jogos anteriores que miravam numa teatralidade ímpar dos épicos gregos. Mas não se engane, as cenas grandiosas com um Kratos brutal não estão ausentes no novo episódio.

Importantíssimo ressaltar as atuações espetaculares de todo o elenco. Kratos é interpretado por Christopher Judge e não usa muitas palavras, mas seu rosto e seus movimentos dizem romances inteiros. Sunny Suljic vive o filho, Atreus, e carrega muitos dos sentimentos dos próprios jogadores quando traz a excitação de uma criança que está descobrindo um mundo novo. Sem contar Alastair Duncan como a voz de Mimir, o alivio cômico e enciclopédia do mundo que estamos desvendando. E essas atuações só são percebidas graças à incrível qualidade visual do game.

Os modelos dos personagens são extremamente bem detalhados e os cenários são pinturas prontas. É realmente algo digno de um AAA, que salta aos olhos de quem vê, especialmente por ser embalado em uma trilha sonora digna de nota.

Por fim, é uma excelente obra, feita com muita atenção e cuidado aos detalhes. A história e personagens são definitivamente os pontos altos aqui, mas o combate pode não agradar a todos. Vale dar uma chance, principalmente pelo fato de que esse game é um dos melhores da geração PS4/Xbox One. Mas mais importante, ele eleva o patamar da franquia God Of War, mostrando para todos que nunca foi só sobre um careca gritando e fazendo uma carnificina, e sim, sobre os demônios internos e a culpa que todos negamos possuir ou tentamos passar para outro, mas que temos de enfrentar, seja um homem ou seja um deus.


P.S.: Sobre o port para o pc, é bem feito. Não tem muitos problemas, apesar de ser um pouco exigente, mas isso parece ser algo do próprio jogo,uma vez que no PS4 roda na qualidade Original flutuando em torno dos 30 fps. Em certos momentos chave os frames cairão mesmo, como ao chegar na casa da bruxa e sempre ao passar pela porta da ponte. É algo do game. Aqui há as opções do DLSS e FSR, que alavancam a contagem de frames sem muita perda de qualidade visual. A recomendação mesmo é jogá-lo a partir de uma GTX 1060 (6GB) ou uma RX 580 (8GB), habilitar o DLSS/FSR e travar a 60 fps.