Esse jogo me lembrou das minhas experiências no Acampamento de Adolescentes da Igreja Tabernáculo Batista. Uma mistura de trabalho artesanal, caçada e louvor.

Até hoje não sei como sobrevivi.

Quando eu era criança, meu pai chegou um belo em dia em casa com um CD da TDK onde estava inscrito à pincel um nome esotérico: "Quake II". Quando ele instalou o jogo no Computador, foi amor à primeira vista. Os cenários. A violência. As armas. A música. Era maravilhoso. Eu assisti fielmente ele jogar como uma plateia acompanhando uma bela peça.

Ele me proibiu de jogar por ser violento demais.

Claramente enxergando a sede em meus olhos pela sanguinolência gratuita da id Software, meu Pai recorreu a instalar obstáculos para me impedir de jogar Quake 2. Esconder o CD no Porta-CDs de Pornografia, instalar um estabilizador que causava choque para eu não ligar o PC sozinho e até mesmo, pasmem: Deixar uma demo do jogo, à plena vista no PC para meu acesso, que jamais funcionaria sem o CD, para que quando eu executasse o game não só eu ficasse sem a trilha sonora, mas eu ficasse na vontade de caçar e destruir Stroggs.

Mas eu superei todos os obstáculos. Eu, com 5 anos de idade, desbravei o Porta-CDs de Pornografia e encontrei Quake II (junto com filmes duvidosos estrelando o Alexandre Frota), eu descobri como evitar o choque do estabilizador e quando eu coloquei o CD pirateado do jogo no PC, eu experimentei a GLÓRIA deste jogo incrível e maravilhoso, zerando todas as fases até o fim. Como uma criança profissional em jogar Thief, eu ocultei meus passos e por um tempo, ninguém nunca fez ideia.

Anos depois, já adulto, adquiri esse jogo pela minha Steam e sempre estou voltando a ele. Quanto ao meu Pai, ele chegou à metade do jogo e o largou. Para ele, foi só mais um jogo de tiro. Mas para mim, foi um divisor de águas. Uma experiência de vida. Hoje em dia, rimos e lembramos com alegria de Quake II.

No fim, a lição que fica dessa história toda? Nunca desistam dos seus sonhos.
E eu também te amo muito, Pai. Obrigado.