Santaranha
Nathan Moraes   Rio De Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
 
 
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[AVISO: ESTA É UMA REVIEW QUE COMENTARÁ JOURNEY EXTENSIVAMENTE. SPOILERS CONSIDERÁVEIS SERÃO DISCUTIDOS AO DECORRER DESTA ANÁLISE. SE VOCÊ TEM INTERESSE EM JOURNEY MAS AINDA NÃO JOGOU, FECHE ESTA REVIEW IMEDIATAMENTE. LEIA POR SUA CONTA E RISCO.]

Journey é um jogo bem minimalista sobre o ciclo da vida, tendo controles simples, vistas incríveis e uma história vaga, resultando em diferentes interpretações entre jogadores. Além de extremamente acessível à todos os tipos de jogadores, Journey também comove com a experiência meticulosamente arranjada pelos desenvolvedores.

Sua direção minimalista visa otimizar as ações disponíveis ao jogador, rendendo 3 ou 5 horas de exploração, platforming e puzzle solving de nível introdutório. Sei que pode parecer um ponto negativo, um jogo tão simples e banal durar tão pouco assim, mas acredite em mim, esse é o maior ponto forte dele.

Dentre as melhores coisas que Journey faz, o sistema de viajantes é a mais marcante. Nada se compara ao sentimento de encontrar outra criatura no mapa depois de uns bons minutos sozinho no deserto. Se apegar a sua companhia acaba sendo inevitável, e logo você percebe que pode se comunicar com ela através dos estranhos sons que seu personagem faz, antes usados apenas para interagir com objetos de interesse. É a partir daí que toda sua jogatina muda.

O que antes era um simples jogo sobre explorar um deserto vasto e vazio torna-se, num piscar de olhos, uma adorável experiência sobre união e afeto. Você começa a se importar com aquele personagem, vocês matam o tempo piando um pro outro numa longa caminhada, vocês desvendam segredos e ajudam uns aos outros na longa jornada de vocês até a misteriosa montanha que os intriga. Diga-se de passagem, vocês se tornam muito próximos, passando por altos e baixos à fim de concluir esse objetivo de vocês, até que o clima até a montanha se torna hostil demais pra vocês, levando vocês à uma morte gélida aos pés da montanha, a neve os enterrando assim como fez com outros viajantes no caminho.

Isso é, até os ancestrais que acompanharam seu progresso simpatizarem com a sua causa, oferecendo poder o bastante para que vocês consiguem terminar o que começaram. Você e seu amigo se encontram acima das nuvens, a orquestra ganha força, capitalizando no alívio que vocês dois sentem ao ver que estão tão perto do cume. Vocês voam e cantam até o topo, nada consegue parar vocês, os poucos obstáculos no seu caminho te fazem refletir sobre tudo que vocês aprenderam e num piscar de olhos, você consegue ver o topo. Vocês voam mais e mais, atravessando o último portão entre vocês e seus objetivos. Seu personagem brilha, a música chega ao ápice de seu êxtase, vocês seguem voando sem parar até o chão se revelar em frente a vocês. Seus pés tocam o chão e tudo o que resta é adentrar a montanha. Você olha o seu parceiro e, após uma pequena celebração cantando e andando por aí, finalmente vão até a luz, dando fim à gloriosa jornada de vocês.

Isso já seria uma experiência estonteante por si só, mas Journey te surpreende mais uma vez, revelando que o viajante que te acompanhou por toda essa jornada era, na real, uma pessoa de verdade, apresentando até mesmo o username dela para sua surpresa.

Desde então eu tenho rejogado Journey de novo e de novo, não só pela sua linda campanha, mas também pelo conforto que ele me providenciou. Meu primeiro parceiro tornou minha experiência com Journey mágica sendo paciente e prestativo comigo, e por mais que seja impossível jogar este jogo pela primeira vez novamente, Journey me permite enriquecer a primeira vez de novos jogadores, e isso consegue ser ainda mais valioso para mim.

O minimalismo de Journey é genuinamente louvável, não só tornando a experiência mega concentrada como também removendo qualquer toxicidade da equação, forçando jogadores a serem gentis uns com os outros. É um game design tão robusto que consegue unir pessoas independente de nacionalidade, status ou interesses divergentes. Journey conseguiu juntar completos estranhos numa campanha de 3-5 horas e fazer com que eles tenham algo em comum: uma jornada cheia de altos e baixos, lazer e medo, angústia e harmonia. É genuinamente impossível sair desse jogo sem sentir que fez um novo amigo.

Journey é um jogo sobre conexão, e a forma como ele socializa jogadores sem que uma palavra sequer seja dita deveria ser estudado. Um verdadeiro clássico, atemporal em todos os sentidos.
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